quinta-feira, 30 de novembro de 2006

Mônica por menos

Look da coleção de verão 2007

As fãs da estilista Mônica Negreiros já devem estar se preparando para o “ataque”. Começa segunda-feira, dia 04/12, e vai até sábado, dia 09/12, o bazar anual da marca, no galpão da fábrica, em Londrina, com peças de coleções antigas a preços que variam de R$ 30,00 a R$ 300,00 e descontos que chegam a 90%. A fábrica fica na Rua Pedro Botelho de Resende, 21/21, na marginal da Celso Garcia Cid, lado contrário da Iapar. Não dá pra perder.

Que barra!







Idéias geniais são assim. Quando nos deparamos com elas, fazemos sempre a mesma pergunta: como alguém não tinha pensado nisso antes?

Reinventados pela agência japonesa Design Barcode, os códigos de barra ganharam nova roupagem e, além da função que já tinham, servem agora para reforçar a imagem do produto. A agência foi premiada, este ano, no Festival Internacional de Publicidade de Cannes para projetos inovadores na área de comunicação. O assunto é um dos destaques da revista “Pequenas Empresas, Grandes Negócios” de novembro.

O cliente pode encomendar um desenho exclusivo ou escolher entre as 200 opções disponíveis no site da agência.

A praia da jornalista



Astrid Fontenelle já fez muitas coisas nesta vida. Ganhou fama Brasil afora ao inaugurar a programação da MTV. De VJ passou a apresentadora em um programa vespertino da Band ao lado de Leão Lobo. Passou muitos dias de Carnaval ancorando a cobertura da rede direto da Bahia, onde era tratada como musa e não deixava por menos. Era puro agito. Pois agora, a jornalista resolveu se embrenhar pelo mundo fashion (do qual sempre foi bem íntima já que é presença constante nos desfiles mais concorridos). Astrid acaba de lançar uma coleção de biquínis ao lado da estilista Helô Rocha. A dupla é responsável pela Têca & Tiddy, uma linha especial de moda praia com perfume retrô. Os tecidos escolhidos pelas duas são originalmente vintage, mas a modelagem é bem moderninha. As peças criadas pela dupla estão à venda na Têca, loja de Helô que fica na Alameda Franca, 1342.

Por baixo dos panos

Verve




Que atire o primeiro "bojo-levanta-tudo" aquela que não adora lingerie novinha, bonita e confortável. Aliar beleza e conforto parece ser um dos grandes desafios das grifes que atuam no segmento. Duas delas, aliás, estão sempre surpreendendo com suas coleções que transitam muito bem entre o sensual e o romântico. Nu Luxe e Verve são marcas razoavelmente novas no mercado, mas já dão muito o que falar, principalmente no quesito objetos do desejo. Se agradam as exigentes mulheres, os homens também, é claro, não têm do que reclamar.

Na mais recente coleção da Verve, a artista plástica Calu Fontes foi chamada para dar formas e cores às estampas suaves de sutiãs e calcinhas. São sempre fofas as peças em tule - que aliás são ótimas para os dias bem quentes que já se fazem presentes.


Nu Luxe

E a Nu.Luxe segue em seu objetivo de oferecer peças assumidamente exclusivas, já que nem de longe são produzidas em larga escala. O cuidado com os detalhes é evidente para quem percebe o fino acabamento.

quarta-feira, 29 de novembro de 2006

Mimo de Natal




Da série “mimos de fim de ano”, já inaugurada neste “recinto”, a camiseta da Zoomp pode ser uma boa sugestão para o presente do amigo secreto. Quem é que não vai gostar de ter desejos estampados no peito? Pois a camiseta “Wish List” inclui viagens para o Havaí, baladas e pedidos para incrementar a vida sentimental. A idéia da marca, que lança a campanha de natal a partir do início de dezembro, é enxergar a vida por outros ângulos e renovar pensamentos. Que assim seja.

terça-feira, 28 de novembro de 2006

Janeiro fashion

Paulo Borges - diretor artístico da SPFW


A São Paulo Fashion Week anunciou hoje as datas da edição Inverno 2007: de 24 a 29 de janeiro no prédio da Fundação Bienal. Mas ainda não se sabe quem entra, quem sai e quem continua no maior evento de moda do País.

O Fashion Rio, que vai abrir a temporada, também não divulgou as grifes participantes. Os desfiles em terras cariocas continuarão a acontecer na Marina da Glória, que de 15 a 19 de janeiro voltará a se transformar na Cidade da Moda idealizada por Eloysa Simão.

O coração fashion já bate mais rápido entre os novidadeiros.

segunda-feira, 27 de novembro de 2006

Ah, esses mineiros...





Já não é de hoje que os mineiros têm lugar garantido no Olimpo Fashion, seja na filial brasileira ou na européia e norte-americana. De Zuzu Angel, pioneira nos desfiles internacionais, a Francisco Costa, estilista todo-poderoso da Calvin Klein, os criativos mineiros têm deixado sua marca pela história fashion. Se Ronaldo Fraga encanta por aqui com seu lirismo nos mínimos detalhes - do botão ao arremate -, Inácio Ribeiro é referência nas semanas de moda de Paris e Londres sem perder o delicioso sotaque na grife anglo-brasileira Clements Ribeiro e na francesa Cacharel.




Mas a mineirice da vez é a Coven, a sempre surpreendente grife de tricô que faz ótimos absurdos com suas malhas e tramas. A notícia que chega é que as criações da estilista Liliane Rebehy já carimbaram o passaporte com um visto pra lá de concorrido: o da loja de departamentos Bergdorf Goodman. Sonho de todo fashionista de passagem por Nova York.




A Coven, que desfila no Fashion Rio - aliás, figura certamente na lista das mais acertadas "aquisições" do calendário carioca -, já está em seletos pontos de vendas no Japão (novidadeiro por natureza), Rússia, Turquia e Inglaterra.

PS. as fotos são de algumas das primeiras peças da Coven que desembarcaram em Nova York

O autêntico


Um mal-entendido gastronômico que me acompanhou por toda a vida foi desfeito neste fim de semana. Visitando a cidade de Bauru, descobri que o sanduíche que eu costumava chamar como tal não tem nada a ver com pão de fôrma, presunto e mussarela... A receita original é pão francês sem miolo, rosbife, queijo derretido, rodelas de tomate e... picles!!! Gente, todo mundo sabia disso?!



A história começou em São Paulo, em meados da década de 30, quando o bauruense Casimiro Pinto Neto era um estudante de Direito e costumava freqüentar o “Ponto Chic”, no Largo do Paissandu. Ele sempre pedia um sanduíche com tais ingredientes e os outros fregueses passaram a imitá-lo, encomendando “um igual àquele de Bauru”. Depois de assim batizado, o lanche ganhou outras versões Brasil afora, mas, desde 1971, José Francisco Jr, o “Zé do Skinão”, mantém a receita original. O bar fica na praça Portugal, onde as paredes estão cheias de registros históricos do mais famoso produto da cidade.

Já não era sem tempo



Tudo bem que a praia mais perto fica a uns 500 quilômetros, mas não é por isso que a gente tinha que ficar fora da rota dos biquínis de Amir Slama. Pois agora finalmente as londrinenses vão ter mais acesso às criações da Rosa Chá, mais internacional do que nunca. No dia 30, a grife abre as portas da sua tão aguardada loja em Londrina. No dia 7 de dezembro, o próprio Amir Slama baixa na cidade para um coquetel com a clientela da franqueada Judite Mattos.



Este ano, a Rosa Chá deixou o calendário fashion brasileiro para desfilar apenas na temporada novaiorquina. Ganhou elogios por lá e deixou por aqui um gostinho de curiosidade, só acalmado ligeiramente com as fotos do desfile e também da belíssima campanha Verão 2007. Carol Trentini está lindíssima nos cliques feitos nos Lençóis Maranhenses. João Velutini também arrasa.





Quando esteve no Brasil no ano passado, o filósofo francês Gilles Lipovetsky chamou a atenção para o biquíni brasileiro como objeto de alto luxo entre as européias. Por conta da ótima reputação da moda praia brasileira, os minúsculos duas peças custam em média US$ 300. E que são pagos com alegria pelas mulheres em busca da modelagem diferenciada (hoje já não é mais preciso fazer tantos ajustes - aumentar calcinhas, por exemplo) e da criatividade verde-e-amarela. Muito desse luxo todo vai estar nas araras da Rosa Chá em Londrina. Amir Slama é um mestre na arte de dar glamour aos biquínis e maiôs. Sem falar em toda uma cartela de acessórios e afins.


domingo, 26 de novembro de 2006

Jóia de Natal





A rede de joalherias paranaense Bergerson - uma das cinco maiores do País - costuma lançar anualmente três grandes coleções. Sempre pensando nas três datas de grandes vendas quando o assunto é jóias: Dia das Mães, Dia dos Namorados e Natal.







Pois a terceira coleção, a natalina, acaba de ser lançada para alívio dos ajudantes de Papai Noel e delírio das meninas-boazinhas-que-se-comportaram-muito-bem-durante-o-ano-inteiro e que, claro, já estão redigindo suas preciosas listas de presentes. Ouro amarelo e design moderninho são os destaques do momento.




E como já é característica da grife, as pedras também são bem valorizadas, principalmente as brasileiríssimas de tons fortes. Para o Natal, a Bergerson faz suas apostas tanto no verde das ágatas quanto no preto do ônix. Sem deixar de lado os tons pastel como o citrino champanhe e o quartzo milk.





A diversidade das sete novas linhas lançadas pela joalheria - Ellos, Diva, Nácar, Square, Duo, D'Or e Blanc - está na variedade de pessoas a ser presenteadas neste final de ano. Entram na lista as mães, as avós, as namoradas, as noivas, as irmãs, as tias...



Nos headphones Karl...

Que ele é um dos nomes mais fortes do mundão fashion, todo mundo já sabe. Que é um “doente” por música, também. A novidade é que o “kaiser da moda”, Karl Lagerfeld, resolveu unir as suas duas paixões em um CD duplo que entrou no mercado europeu na última semana. A coletânia “Karl Lagerfeld - Les Musiques que J’Aime” já esta no topo da lista de presentes de Natal das Novidadeiras.



A capa do CD de Karl Lagerfeld para a Revista VOGUE


Dividido em dois momentos, o álbum traz um set list selecionado pelo próprio estilista, com suas músicas preferidas para ouvir em casa e no trabalho. O primeiro cd, “At Home”, traz 15 canções eleitas por Lagerfeld para ficar na tranqüilidade do lar. A seleção traz nomes como The Pipettes, LCD Soundsystem e Devendra Banhart. O segundo disco, “Art Work Fashion Show Mix” traz sound tracks de desfiles e outras pérolas que o estilista gosta de ouvir para buscar inspiração. Aqui aparecem Igor Stravinsky, Stereolab, Siouxsie and The Banshess...Algumas músicas são do desfile 2006 Chanel (Ei! Lagerfeld é o estilista da Maison Chanel mas isso você também já sabia!) mixadas pelo DJ francês Michel Gaubert.


Alguns detalhes charmosos do disco: a embalagem é do tipo “digipack”, com fecho magnético, idealizado e projetado pelo proprio Lagerfeld, já nascendo peça de colecionador. O CD é o primeiro de uma trilogia idealizada pela revista Vogue e o segundo álbum terá a assinatura de Sofia Coppola, a cineasta mais fashion do momento. Preço médio: € 25,50.


Confira o tracklisting de Karl Lagerfeld:

CD1: At Home
1. Devendra Banhart : I Feel Just Like A Child
2. The Boy Least Likely to : Be Gentle with me
3. Minotaur Shock : Vigo Bay
4. Lindstrom and Prinz Thomas : Mighty Girl
5. Mayer / Aguayo : Slow
6. LCD Soundsystem : Too much love
7. Super Furry animals : The proper Ornaments
8. The Pipettes : Your Kisses Are Wasted on Me
9. Black Mountain : No Satisfaction
10. Smokers Die Younger : Yer Actual
11. Electrelane : Eight Steps
12. Xavier Cugat : Perfidia
13. Planningtorock : I Wanna Bite Ya
14. The Fiery Furnaces : I ‘m In No Mood
15. A Hawk And A Hacksaw : Romceasca


CD2 :At work Fashion Show Mix
1. Igor Stravinsky : Capriccio for Piano and Orchestra (Presto) The Fall : Blindness The Bell Orchestre : Recording A Tape (Typewriter Duet)
2. Siouxsie And The Banshees : Spellbound
3. Matmos : Solo Buttons For Joe Meek
4. Caribou : Lord Leopard
5. Goldfrapp : Slide in (DFA remix)
6. Joakim : I wish you were gone
7. Stereolab : I Was A Sunny Rainphase
8. Kreidler : Cervantes

quarta-feira, 22 de novembro de 2006

Posto avançado


Empreendedora que só ela, Tatiana Krzyzanowski acaba de se mudar para São Paulo. Na bagagem levou a Mulher Elástica, grife que criou e transformou em sucesso entre mocinhas e não tão mocinhas assim. A calça bailarina com cós colorido virou hit em Londrina e região e agora chega à capital paulistana com promessa de dar o que falar. Na verdade, já está dando o que falar considerando que inauguração da primeira loja na cidade, na semana passada, virou notícia entre fashionistas tanto no boca-a-boca quanto em sites especializados como Chic, Glamurama e São Paulo Fashion Week.
Muitíssimo bem instalada na bacana Galeria Ouro Fino - que já foi ponto de partida para muitas marcas e estilistas (A Mulher do Padre, Thaís Gusmão, Slam e Erika Ikezili só para citar alguns), a Mulher Elástica segue apostando no conceito linha fitness para usar a qualquer hora. Promete.

terça-feira, 21 de novembro de 2006

Uma barriga e dois bebês



Não, a top Michelle Alves não está grávida de gêmeos. A gravidez dela é de um só bebê, um menino que está para nascer, aliás. O outro bebê é a revista Joyce Pascowitch, lançada em outubro – o mês das novidades nas bancas do Brasil – e que já está no segundo número. Na capa da edição de novembro, a londrinense Michelle Alves aparece linda como sempre, só que de cuecas.

Colunista da Folha de S. Paulo durante uma época que revolucionou o colunismo social do País, Joyce Pascowitch trocou o jornal pela Época. Enquanto ainda estava na revista, idealizou o site Glamurama, um campeão de audiência na Internet por conta das notas antenadíssimas sobre o que anda acontecendo entre socialites, fashionistas e celebridades. Durante um período, Joyce também foi para a frente das câmeras para uma participação especial no noticiário da Globo News. As pimentas políticas que foram o diferencial inicial da sua coluna foram parar na telinha.

Agora chegou a vez da colunista encarar o desafio de ser a diretora-geral de uma revista que leva seu próprio nome. Um luxo para poucos, muito poucos.

Ao contrário das colegas também surgidas no mês de outubro - piauí e Rolling Stone -, a revista Joyce Pascowitch tem formato bem menor do que as tradicionais. É quase “pocket-size”. Mas como nunca foi documento, estão lá as 256 páginas de entrevistas, perfis e muita cobertura de festas, porque é claro que a jornalista não ia deixar as origens de lado.

Entre os destaques da edição estão os bastidores exclusivos de Hélio Laniado, playboy recém-saído da prisão, onde esteve cumprindo pena sob acusação de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Antes de ser preso em Praga, Laniado vivia nas colunas sociais e namorava beldades como Carolina Ferraz, Daniella Cicarelli e Mariana Weickert. Ficou conhecido entre os agentes da Polícia Federal como o playboy que sabia demais. E o que sabe, pelo jeito, nunca contou.

A intimidade de Adriane Galisteu foi invadida de uma maneira diferente. A revista foi bisbilhotar a gaveta de calcinhas da apresentadora, que não se prende apenas aos modelos sensuais. Adora calcinhas de algodão, as quais não costuma usar muito mais do que três vezes para depois jogar fora.

Sobre Michelle, estrela da edição, o texto em tom de pura admiração é da própria Joyce. “Tem coisas em Michelle que chamam logo a atenção: ela é tímida, recatada, nada deslumbrada, jeito de menina-família. Tudo bem que virou modelo por acaso, como tantas outras, mas manteve a ligação com o mundo real”, escreve. E por aí vão os elogios à londrinense.

segunda-feira, 20 de novembro de 2006

Talento tipo exportação




Talento é assim. Quem tem, nunca fica na mão. Sabe tirar proveito da tecnologia, mas não fica escravo dela. Entende do seu ofício sem artifícios porque o conhece profundamente.

Soraya Ayoub é assim. Arquiteta por formação e estilista por opção, com um vasto currículo na área de moda – foi professora na UEL, já teve marca própria e trabalhou para outras – ela lapidou seu talento para a construção das formas em cursos de moulage com especialistas na área e participou de eventos como o Curitiba Fashion Art. O trabalho com a seda rústica desenvolvida em parceria com o Casulo Feliz, de Maringá, foi um dos destaques das coleções apresentadas na época.

Misturando sofisticação com inovação, ela fez do bom gosto a marca registrada de seus vestidos de festa. Tanto que foi a única estilista do sul do Brasil a participar do V Agulhas da Alta Moda Brasileira, em 2001.

Desde 2004, Soraya é coordenadora de estilo da grife de jeanswear Pura Mania, com fábrica e Londrina e lojas em vários pontos do Brasil. No próximo fim de semana, ela parte em carreira solo para Nova York. Como despedida, mostrou seus últimos trabalhos em um editorial clicado pela fotógrafa Graziela Diaz para a Folha de Londrina. Levei a minha xereta digital e fiz os clics que você vê aqui. A modelo, maquiada por Júnior Martinelli, é a linda Karla Leite. As sandálias são da Onná.





O vestido azul de shantung (do alto dessa página) foi feito no moulage e costurado à mão. Soraya contou que estava sem máquina de costura naquela hora e teve que “improvisar”. Quem tem talento, como eu já disse, nunca fica na
mão...

Soraya Ayoub e Karla Leite

sexta-feira, 10 de novembro de 2006

Um altar para três

segunda-feira, 6 de novembro de 2006

Oito décadas de estilo




Ele nasceu para vestir a nova mulher que surgia no início do século 20, livre do opressor espartilho, sedenta por liberdade de movimentos e de escolhas. Acompanhou as mudanças no guarda-roupa feminino no pré e pós guerra, conferindo ora austeridade, ora sofisticação. Virou ícone de estilo na pele de Audrey Hepburn em “Bonequinha de Luxo”, de 1961, e uma espécie de uniforme fashion nos minimalistas anos 90. Hoje, em plena maturidade, vive uma fase mais seletiva, aparecendo apenas em momentos de supremo glamour.







O pretinho básico – amado e idolatrado pelas mulheres, curinga e alento para aqueles momentos em que nada parece adequado para se vestir – está completando 80 anos em 2006. A certidão de nascimento da peça é a publicação, pela Vogue americana, de um croqui de Chanel (um vestido preto de mangas compridas), que a revista chamou de “o Ford da moda”. Era uma alusão ao carro fabricado por Henry Ford (o modelo T), sucesso de vendas na época. Tanto a criação de Chanel como a de Ford eram pretas, práticas, modernas, com design simples feito para as massas.



O vestido preto de Chanel foi um golpe na extravagância com a qual as mulheres se vestiam até então. Era simples, chique e fazia qualquer uma se sentir bem em qualquer lugar. Exatamente o que pedia a revolucionária década de 20. “O pretinho olhava para a frente, para o futuro. Era usado por jovens figuras esbeltas, de cabelos curtos e pernas nuas, melindrosas que bebiam gim contrabandeado e rejeitavam a moda sufocante da época de suas mães”, escreve Nancy Macdonell Smith no livro “O Pretinho Básico” (editora Planeta).

Assim como os novos hábitos femininos, a popularização do vestido preto não era vista com bons olhos pelos mais tradicionais. Conta-se que o costureiro Paul Poiret, que não se adaptava à era do jazz, certa vez perguntou a Chanel, vestida de preto. “Você está de luto por quem, mademoiselle? “Por você, monsieur”, foi a resposta certeira dela.

Segundo a jornalista Alexandra Farah, à frente do projeto “Filme Fashion”, mais que o sutiã, a calça jeans e a camiseta, o vestido preto é a peça com maior conteúdo político do guarda-roupa feminino. Não é para menos. Conforme as mulheres se tornavam mais ocupadas e seu status dependia cada vez menos da riqueza de seus maridos, elas precisavam de roupas que fossem requintadas, mas confortáveis, chiques, mas versáteis, belas e, no entanto, práticas. O pretinho era a solução perfeita.

A força do vestido preto reside, sobretudo, na sua imensa capacidade de adaptação ao espírito dos tempos. Sóbrio e sem requintes durante a Grande Depressão dos anos 30; impecavelmente elegante na década de 50, ele encontrou definitivamente a sua cara metade no início dos anos 60. Com o lendário tubinho preto de Givenchy, criado especialmente para o filme “Breakfast at Tiffany’s” ( Bonequinha de Luxo) Audrey Hepburn selou o casamento entre o pretinho básico e a sofisticação, imprimindo na memória coletiva uma das imagens de moda mais clássicas da história do cinema. A atriz usa o vestido em quase todas as cenas e está sempre perfeitamente adequada.


A moda viveu outros momentos depois dessa parceria mágica entre Hepburn e Givenchy - e o pretinho, camaleão que é, sempre esteve presente: seja na atitude punk rock do final dos anos 70 – e no seu forte apelo sexual traduzido com maestria por fotógrafos como Helmut Newton – seja na proposta vanguardista, disforme e quase assexuada dos japoneses nos anos 80.






Mas a imagem clássica da elegância simples, cristalizada na figura de Audrey, tem permanecido como referência de feminilidade e estilo que, vez ou outra, a moda aciona para traduzir seus desejos. É o que está acontecendo agora. A tendência se confirma com o lançamento de uma biografia da atriz e com o leilão do vestido original de Givenchy no próximo dia 5 de dezembro, em Londres.


Apesar de a feminilidade evocada por Audrey Hepburn estar em alta, isso não quer dizer que o pretinho esteja vivendo uma de suas melhores fases. Na gangorra da moda, o momento é de baixa, já que há várias temporadas as cores dominam a cena (pelo menos até a próxima temporada brasileira, já que nas atuais coleções de inverno do hemisfério norte o preto é tendência forte).


Mas, por aqui, até mesmo os estilistas não adeptos reconhecem o poder do pretinho. “Nem conto como cartela de cor, simplesmente porque ele é essencial”, diz Mônica Negreiros, cujas coleções produzidas em Londrina, sempre marcadas pelo uso de cores e estampas, são vendidas em todo o País. Ela relata que, apesar de uma certa rejeição momentânea, os lojistas que fazem compras em seu show-room em São Paulo nunca deixam de levar modelos pretos. “Na hora de atenderem clientes que vestem tamanhos maiores, eles sabem que o preto é sempre uma boa opção”, diz. Um sinal dos tempos, entretanto, é que o adjetivo básico não se aplica mais ao pretinho. “Hoje, as pessoas querem algo mais”, revela.


Fato confirmado por outra especialista em moda feminina, a londrinense Sílvia Dorê. “A maioria das clientes não quer o preto, mas elas acabam levando quando a peça tem alguma informação de moda”, explica. Esse algo mais poderia ser traduzido por personalidade, atitude, feminilidade e outros valores caros ao imaginário fashion atual. Mas, para Sílvia, a palavra certa é glamour.
Um bom exemplo? A cena do baile de gala em que Miranda Priestly e Andrea Sachs (Maryl Streep e Anne Hathaway) surgem a bordo de pretinhos longos, absolutamente deslumbrantes, assinados por Valentino e Galliano, no filme “O diabo veste Prada”, cujo figurino é o sonho de consumo de todas as mulheres apaixonadas por moda.

Texto originalmente publicado na Folha de Londrina, dia 05/11/06.



sábado, 4 de novembro de 2006

O Filósofo do Gosto

Lugar-comum: “cozinhar é uma arte”. Ninguém discorda e digamos que escolher a receita ou os ingrediente faz parte desta arte, complexa e cheia de segredos e, por que não, recordações. O “Novidadeiras” pode conferir, durante a quinta edição do Salão Internacional do Gosto, promovido pela Slow Food Internacional nos últimos dias de outubro em Turim, Itália, a performance do chef paulista Alex Atala, convidado pela organização do evento para apresentar a sua “cozinha criativa”.

O Chef Alex Atala

Atala dispensa apresentaçoes. Já se sabia da sua fama e a do seu restaurate, o “D.O.M.”, nos Jardins, São Paulo. Tatuagens escapando pela manga da camisa de chef e uma evidente emoçao por estar se apresentando na Italia, terra pela qual ele confessa morrer de amores. E isso era so o começo. Entre um ingrediente e outro, ele filosofa sobre os sabores e deixa transbordar a sua paixao pelo forno e fogao. “Cozinhar é como compor uma música. Para criar é preciso conhecer todos os fundamentos, notas, nuances. É preciso estudo e conhecimento e o ‘criar’ acaba ficando absolutamente diferente do ‘inventar”.

Aos italianos, ele apresentou o palmito Pupunha, em tres diferentes receitas. Fettuccine de Palmito “alla Carbonara”, Mille Fogli de Palmito e ainda um tipo de purê de palmito com anchovas salgadas em conserva. De dar água na boca! O seu restaurante ele define como um de cozinha de base européia mas com uma forte influência da memória cultural e gustativa. Pode ir se preparando porque a tal “memória gustativa” se torna uma constante no discurso de Alex.
A Pupunha não é muito conhecida na Europa, acostumada desde sempre a consumir o palmito Juçara. Com um belo pedaço de palmito, Atala criou o seu fettuccine. Ao ver o prato, mesmo o mais guloso pode jurar que se trata de um prato de “macarrão” a la carbonara e nada mais. “São tantos os sabores diferentes no mundo! Às vezes pode ser difícil incorporá-los a uma receita tradicional mas com a memória gustativa, isso pode ficar mais fácil”, diz Atala. E assim fez o público experimentar o fettuccine de palmito para provar a sua teoria. “Vocês vão perceber que este palmito não tem nada a ver com aquele em conservas”. Até para a brasileira aqui foi uma surpresa. “O belo da gastronomia é a diversidade”, diz.

Atala sabe da dificuldade de trazer um sabor do Brasil até aqui e dos desafios de incorporar elementos da cozinha brasileiríssima a pratos clássicos das cozinhas francesa e italiana. “Uma receita pode viajar, ser reproduzida em qualquer lugar do mundo, mas para mim, a alma do prato permanece sempre no seu lugar de origem. Para saborear este palmito, com toda a sua intensidade, será preciso ir até o Brasil”, diz fazendo o público rir. Uma dica para quem é fã do chef Alex Atala: O seu novo livro sobre ervas da Amazônia já está pronto e deve sair no ano que vem.

Fettuccine de Palmito “alla Carbonara”
Alex Atala

Ingredientes: 750 gramas de palmito pupunha (um pedaço longo, com pelo menos 30cm)

Para o molho: 9 gemas, 280 gramas de queijo parmigiano, 200 ml de creme de leite, 80 gramas de banha de bacon, sal e pimenta à gosto.
Modo de preparar: Corte em tiras o palmito com a ajuda de um ralador, dando a forma do fettuccine. Coloque o bacon cortado em cubinhos para fritar em fogo baixo, até dourar e ficar crocante. Separe do óleo (banha) deixando a carne do bacon escorrer em um papel absorvente. Em uma tigela misture as gemas dos ovos, o queijo parmigiano, o creme de leite e a banha do bacon.
Cozinhe o fettuccine de palmito em água fervente, como um macarrão normal. Conserve meia xícara da água em que o palmito foi cozido. Escorra o fettuccine e coloque em uma panela já quente, adicionando um pouco da água do cozimento, o sal e o molho da carbonara. Cozinhe em fogo baixo, adicionando por último os cubinhos de bacon e a pimenta.