terça-feira, 7 de agosto de 2007

E o debate continua...

Para justificar a escolha de Alessandra Negrini pela segunda temporada consecutiva como estrela da campanha da Arezzo, o empresário Anderson Birmann não titubeou: "o Brasil é a Rede Globo".

Ontem em São Paulo, o assunto novela + moda voltou a ser tema de debate, que reuniu o estilista Alexandre Herchcovitch, a figurinista global Marília Carneiro e o jornalista Alcino Leite Neto. O UOL Estilo conta mais...


"A novela é a grande revista de moda das camadas populares", diz Herchcovitch

Carolina Vasone
Editora de UOL Estilo

Em debate promovido pela Folha de S.Paulo e mediado pelo editor de moda do jornal, Alcino Leite Neto, o estilista Alexandre Herchcovitch e a figurinista da TV Globo Marília Carneiro, revelaram, na noite desta segunda (6), opiniões sobre a relação entre as novelas e a moda no Brasil.




Paraíso Tropical



"O alcance da novela é muito maior [em comparação aos desfiles de moda]. A novela é a grande revista de moda das camadas populares", disse Herchcovitch, sobre o poder de influência dos figurinos da televisão sobre a maioria dos brasileiros.





Se7e Pecados


Um dos estilistas mais importantes do país, Herchcovitch afirmou acreditar que o figurino das tramas da Globo - contradizendo uma idéia muito arraigada no mundo da moda, de que os looks vistos em novelas são, no geral, pouco criativos e muito pasteurizados - melhore, sim, a maneira do brasileiro se vestir. "A novela acaba divulgando muito a moda brasileira", completa o designer, que diz emprestar periodicamente (sempre depois de rigorosa análise) roupas de sua marca para personagens de novela. Herchcovitch lembra que confeccionou, na novela "Pé na Jaca", cerca de doze peças para a personagem da atriz Beth Lago. Em "Paraíso Tropical", a personagem Bebel (Camila Pitanga) já vestiu um blazer de vinil do estilista.





Figurinista da TV Globo desde 1973 e responsável pelo figurino de "Dancin Days" - um dos mais marcantes e "fashion" da televisão brasileira -, e, mais recentemente, de "América" e "Páginas da Vida", Marília Carneiro também pensa que os figurinos que cria para as novelas contribuem para a melhora da cultura de moda do país. Mas pondera: "Você [a maioria dos telespctadores] espera da novela algo sensato. Dá para ser vanguarda até a 'página cinco'".


Para Marília Carneiro, sem dúvidas, a moda da "vida real" pesa mais do que a produzida pelos desfiles na hora de escolher roupas que, se não são tradução literal da realidade, precisam funcionar como representações verossímeis dela. "Você não pode ignorar o funk [e seu poder de influência na moda local] no Rio de Janeiro", exemplifica.


Acostumada a ver produções que criou para novelas virarem febre nas ruas - das famosas meias coloridas de lurex com sandália de salto em "Dancin Days" à microssaia da personagem Darlene (Deborah Secco) em "Celebridade" -, Carneiro afirma que, com raras exceções, sempre consegue prever o que vai cair nas graças do povo. Em contrapartida, fica atenta para as pesquisas de opinião feitas com os telespectadores, encomendadas pela emissora. "O público tem sempre razão. Quando ele implica, vai para a casa e pensa: é porque algo está soando falso."

Nenhum comentário: