O quintal do Ronaldo

O Novidadeiras teve o privilégio de conversar com o estilista Ronaldo Fraga na manhã seguinte ao seu concorrido desfile. O papo aconteceu embaixo do pé de jaboticaba que fica no quintal de sua loja, recém-inaugurada na Vila Madalena, em São Paulo. As fotos mostram um pouco do aconchegante clima do lugar, que tem até lousa gigante pra quem quiser deixar recadinhos. Nas araras (com pés de galinha!!), estão as duas últimas coleções (sobre Guimarães Rosa e China), além da linha "Ronaldo Fraga para Filhotes". A de verão, sobre Nara Leão, desfilada anteontem, só chega em agosto.







Ronaldo contou que a idéia de fazer a coleção sobre Nara Leão partiu de Nelson Motta, que propôs a Fernanda Takai (da banda Patu Fú) a gravação de um CD em homenagem à cantora, musa da bossa nova, por ocasião dos 20 anos de sua morte, em 2009. Nara nunca foi revisitada nessas duas décadas. Acabou ganhando o CD, que sai em setembro, e a coleção, a mais aplaudida desta edição da SPFW. O estilista também vai lançar um livro com ilustrações das músicas interpretadas por Nara.

"Tem personagens com os quais a gente tem intimidade, estão sempre presentes. Com Nara é assim", contou Ronaldo, lembrando de uma história de infância: "Quando eu era criança, tinha uma camiseta com a letra de 'A Banda'. Todo mundo que me pegava no colo cantava a música. Foi a primeira coisa que eu aprendi a ler".

Este ano também sai um livro com a história das 25 coleções de Ronaldo, com texto de Carol Garcia. O projeto faz parte da coleção "História da Moda Brasileira", da Cosac & Naif, que terá volumes sobre vários estilistas. Para Ronaldo, esse registro é de extrema importância. "De uns cinco anos para cá, vem sendo definida a cara que a moda brasileira terá nos próximos 3o anos".

Apesar de considerar gravíssimo o fato de que as indústrias do setor estão produzindo roupas fora do Brasil, Ronaldo vê bons sinais no horizonte. "Há alguns anos, todo mundo só se preocupava com tendências. Hoje há uma valorização do olhar individual de cada estilista. O mercado cobra isso. É urgente a construção da alma da marca", diz, com as credenciais de mestre.